É
comum ouvirmos que no Brasil todas as pessoas têm as mesmas oportunidades e são
tratadas de maneira igual. Por meio do “mito da democracia racial”, nega-se que
o racismo exista aqui. E esse mito é reforçado todos os dias através dos meios
de comunicação, do sistema de ensino e dos governantes, que negam as diferenças
existentes, tentando nos convencer que ser negr@ ou branc@ no Brasil significam
a mesma coisa.
Essa
ideologia criou a crença de que temos direitos iguais, inclusive, é isso que a
Constituição de 1988 diz, não é? Mas na realidade, isso não acontece. @s negr@s
são @s que mais sofrem com a violência urbana e policial, vivemos hoje um
verdadeiro genocídio da juventude negra. A possibilidade de um jovem negro,
entre 15 e 24 anos, ser assassinado é 139% maior do que um jovem branco (dados
do Mapa da Violência de 2012).
Se
um negro já é oprimido, as mulheres negras são ainda mais! Elas são as que
recebem os piores salários e que se encontram nos trabalhos mais precarizados.
Um exemplo disso é que, dos 7,2 milhões de trabalhadores domésticos, 93% são
mulheres e dessas, 61,6% são negras (dados de 2009 do IPEA).
Há
uma “demonização” das religiões de origem africana, que são estigmatizadas e
mal-vistas na sociedade. E a Educação, que deveria romper com esse ciclo, hoje
reafirma uma suposta democracia racial e esconde a história d@s negr@s.
Apesar
da Educação pública ser um direito assegurado na constituição, apenas alguns
têm acesso à ela. Nas Universidades públicas, a entrada de negr@s é ainda mais
restrita, o vestibular funciona como um verdadeiro funil.
Hoje
negr@s e pard@s são um total de 50,7% da população brasileira, mas dentro das
universidades públicas representam apenas 8,3%. Isso mostra que as cotas sociais
são insuficientes para que a juventude negra tenha acesso às universidades. E
mesmo quando estes conseguem ter acesso ao ensino superior, não existem
políticas efetivas de assistência estudantil que proporcionem sua permanência.
O
Estado brasileiro agiu e age de forma violenta e discriminatória contra @s negr@s
e mesmo depois da escravidão ser abolida nenhuma medida de reparação história
foi adotada. Desde a escravidão até hoje, o racismo é uma barreira que impede @s
negr@s a terem acesso a direitos essenciais.
Nesse
sentido, as cotas raciais são medidas paliativas, porém hoje necessárias! Elas
não representam um fim em si mesmas e são uma maneira de tentar minimizar os
desequilíbrios derivados do racismo historicamente sofrido pel@s negr@s.
Defender
as cotas não significa dizer que @s negr@s sejam menos capazes
intelectualmente, mas sim que eles passam por muitas barreiras, o que impede
que haja igualdade entre branc@s e negr@s sem políticas específicas para isso.
Você já
parou pra pensar quant@s negr@s estudam na sua sala? Ou então, no seu curso? É
provável que sejam pouquíssimos! Na UEM, além de não existir Casa do Estudante,
nem creches para filhos das mães estudantes e o RU estar fechado, ainda não
existem cotas raciais! Nossa luta é pela implementação das cotas raciais e
também por uma política eficaz de assistência estudantil, que permita que a
juventude negra não só entre na Universidade, mas que consiga ao longo desses
anos se dedicar ao estudo e aqui permanecer.
Essa luta é de tod@s nós, vem com a gente!
Se
os problemas são os mesmos, por que lutar separad@s?
Somente com a LUTA
conseguiremos vitórias.
Vem com a
gente! Junt@s, mesmo nadando CONTRA-CORRENTE, venceremos!